Bricolagens Distópicas faz parte da série ¿Música? promovida regularmente pelo Nusom/USP. Trata-se de uma proposta da Orquestra Errante que envolve criação coletiva, colaborativa e interdisciplinar. Um roteiro detalhado prepara um ambiente que favorece a interação e no qual cada pessoa participa na medida de seus desejos, suas possibilidades, habilidades e disponibilidades. Nesse projeto toda expressão artística é bem-vinda: performances instrumentais, composições, vídeos, arte-sonora, encenações teatrais, dança, declamações, imagens etc. A ênfase está colocada no processo coletivo de criação em várias etapas e a integração entre as pessoas. O material final é composto por esses 29 vídeos de curta duração – que serão apresentados, um a cada dia – produzidos por cada um dos 5 grupos que se constituíram para a realização do projeto.
Palavras-chaves: Permeabilidades induzidas; Conexões e atravessamentos; Amálgamas heterogêneos; Bricolagens virtuais; Costuras frágeis; Permeabilidades isoladas.
Vídeos: A partir de um fio [01]; Conversa surreal I [02]; Passos no Escuro [03]; Seu próprio corpo costura [04]; Bocas III [05]; Improvídeo [06]; Penso e Passo [07]; Frágil 1 Solo [08]; Bocas I [09]; Basta [10]; Escuta Seletiva I [11]; Mais Legal [12]; Passando [13]; Um fiapo de cada [14]; Queda no absurdo I [15]; Bocas II [16]; Máscara [17]; Na Janela [18]; Cada trama [19]; Escuta Seletiva [20]; Passagem [21]; Frágil 3 Cantochão [22]; Conversa surreal [23]; Janelas [24]; Frágil 2 Duo [25]; Passo [26]; Queda no absurdo [27]; Remendo que é [28] e O último hom3m [29].
Participantes: Alexandre Marino, André Martins, Ariane Stolfi, Caio Milan, Fabio Cintra, Fabio Manzione, Fabio Martinelle, Fernando Iazzetta, Guilherme Beraldo, Gustavo Branco, Luis Fernando Cirne, Marcos Gruchka, Marina Mapurunga, Migue Antar, Neila Kadhí, Paola Picherzky, Paulo Assis, Pedro Paulo Köhler, Raul Teixeira, Rogério Costa, Samya Enes, Tarita de Souza, Thiago Salas, Tide Borges, Valéria Bonafé, Vicente Reis, Vitor Kisil e Yonara Dantas.
A performance Ondas foi realizada no Centro Universitário Maria Antônia como atração de abertura da Exposição de Arte Sonora intitulada Sons de Silício. A proposta foi explorar uma noção de espacialidade sonora através do que denominamos “efeitos de ondas”. Para isso, os músicos improvisadores foram distribuídos no decorrer de três lances das escadarias do edifício, ocupando, assim, todo o trajeto do saguão térreo até o salão da exposição.
A intenção foi criar uma espécie de cortejo sonoro que pudesse direcionar e acompanhar o público do saguão de espera até o destino final. Dessa forma, a performance iniciou-se com um solo do participante posicionado no térreo que era respondido sequencialmente pelos demais participantes, localizados nos lances superiores da escadaria, como analogia a ondas que se alternam e se sobrepõem no decorrer de seu percurso.
Além da incorporação da espacialidade e da arquitetura, a performance também utilizou uma venda nos olhos como adereço cênico. Uma vez vendados, os músicos puderam ser observados pelo público a uma proximidade que, provavelmente, não seria a mesma se houvesse a possibilidade de contato visual entre as partes. Além disso, a ideia de tocar vendado foi uma forma poética para mencionarmos a participação e importância do local em um contexto político do passado marcado por governos autoritários.
(proposta de Fábio Martinelli).
A improvisação é uma expressão da liberdade, na mesma medida em que é também resistência a um estado de coisas em que o futuro se mostra cada vez mais incerto e os ideários, cada vez menos potentes como mobilizadores da vida.
No entrelaçamento entre indivíduo, arte e sociedade, a improvisação e a performance se tornam uma metáfora, um campo de pensamento do artista e seu público sobre a vida, a sociedade. E um exercício de pensamento em ato sobre as jogadas possíveis (Yonara Dantas)
Apresentação da OE na Biblioteca Brasiliana – maio de 2022 – Coordenação de Yonara Dantas