A Orquestra Errante é um grupo experimental vinculado ao Departamento de Música da ECA-USP e ao NuSom (Núcleo de Pesquisas em Sonologia da USP), dedicado à pesquisa sobre processos de criação baseados na improvisação e suas conexões com áreas como composição, educação musical, etnomusicologia, tecnologia, sonologia e filosofia.


Fundada em 2009 pelo professor, compositor e pesquisador Rogério Costa, a orquestra reúne músicos de formações diversas e adota uma prática coletiva, interativa e não hierarquizada, na qual todos são performers-criadores. Sua principal metodologia é a conversa, e a criação se dá em tempo real, partindo do princípio de que qualquer som pode integrar a performance musical. A formação instrumental inclui tanto instrumentos convencionais quanto objetos, extensões analógicas e digitais. Além disso, a OE atua como laboratório de pesquisa acadêmica em diferentes níveis de formação. As referências sonoras e conceituais do grupo incluem Pauline Oliveros, Cornelius Cardew, George Lewis, Nicole Mitchell, John Cage, Pierre Schaeffer, Giacinto Scelsi, Edgard Varèse, György Ligeti, Helmut Lachenmann, Hermeto Pascoal, Naná Vasconcelos, Ornette Coleman, Cecil Taylor, John Coltrane, Derek Bailey, Evan Parker, Joëlle Léandre e Chefa Alonso, entre outros.


Após quase dois anos de atividades on-line, a Orquestra retomou os ensaios presenciais em março de 2022, às quintas-feiras, das 18h às 20h, no EDA/USP. Embora a maioria dos integrantes do grupo sejam alunos de graduação ou pós-graduação do Departamento de Música, também participam pessoas de fora da universidade. A entrada no grupo ocorre de maneira espontânea, à medida que alguém decide participar dos ensaios com certa regularidade. Não há exigência de nível técnico nem critérios formais de admissão, o que faz com que a formação do grupo seja sempre mutável.

Um dos projetos de pesquisa mais recente, coordenado por Rogério Costa e financiado pela FAPESP, intitula-se “Orquestra Errante: improvisação musical e micropolítica”, e investiga as dimensões micropolíticas das práticas do grupo. A proposta entende a improvisação coletiva como forma de resistência às capturas do desejo pelo capitalismo neoliberal produtivista, promovendo uma prática musical contra-hegemônica que acolhe qualquer participante disposto a criar coletivamente, redimensiona os espaços da prática musical e reafirma o corpo ativo e desejante como agente artístico e político.